Fernando Pessoa, abrigado.
Súbita mão de algum fantasma oculto
Entre as dobras da noite e do meu sono
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.
Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.
E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão nocturna que me guia.
Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.
Sacode-me e eu acordo, e no abandono
Da noite não enxergo gesto ou vulto.
Mas um terror antigo, que insepulto
Trago no coração, como de um trono
Desce e se afirma meu senhor e dono
Sem ordem, sem meneio e sem insulto.
E eu sinto a minha vida de repente
Presa por uma corda de Inconsciente
A qualquer mão nocturna que me guia.
Sinto que sou ninguém salvo uma sombra
De um vulto que não vejo e que me assombra,
E em nada existo como a treva fria.
(Traducción)
Súbita mano de algún fantasma oculto
entre los pliegues de la noche, de mi sueño,
me sacude y despierto, y en el abandono
de la noche no distingo rostro o gesto.
Mas un terror antiguo, que insepulto
traigo en el corazón, como de un trono
desciende y se afirma mi señor y dueño
sin orden, sin meneo y sin insulto.
Y siento que mi vida es de repente
presa por una cuerda de Inconsciente
a cualquier mano nocturna que me guía.
Siento que nadie soy salvo una sombra
de un rostro que no veo y que me asombra
y en nada existo como tinieblas frías.
Traducción: Correcciones elaboradas a la primera en
«Páginas escogidas», de Retórica Ediciones, 1998;
Buenos Aires, Argentina. 10 de Enero de 2014.
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